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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Tia Melanie

Hoje é Valentine´s Day (ainda)! Embora marcadamente romântica, a data em alguns lugares também é pretexto para celebrar a amizade.

Aproveitando o mote, resolvi fazer novos amigos, ou melhor, amigas, escrevendo para o site Savvy Auntie, que acaba de virar destaque neste blog (link logo aí, à direita da página). A resposta veio a jato, de Melanie Notkin (ou "tia" Melanie, como intitula seu email), à frente do site.

O simpático retorno veio com a seguinte informação:
46% of US women through age 44 are childless... Many want children, some don't, some can't, some aren't there yet. Whatever the reason, we all love the children in our lives. Thank you for helping me with my mission to celebrate these generous women - women like you.

Está marcado para abril o lançamento do livro de Melanie. Em breve, portanto, voltamos a falar do site e da publicação. Talvez antes mesmo de abril.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Velhice e solidão

Minha vó, muito bem encaminhada rumo aos 80, nos últimos anos deu pra ter medo da solidão, mesmo com marido, filhos, netos e bisneta. Na realidade, tem medo de se tornar, no avançar da idade, cada vez mais dependente - o que de fato, acontece com quem envelhece - e não encontrar amparo da família. Aliás, nem é este o medo verdadeiro. O receio maior, no fundo, é se tornar um fardo para os herdeiros.

Depois de alguma conversa, esse medo parece apaziguar. Não demora muito e ele reaparece, às vezes mais tímido, às vezes nem tanto. Muito apegada que sou à velha, acabo fazendo disso também fonte de preocupação.

Isso não significa que eu concorde que faltará a ela apoio quando a senilidade baixar inclemente. Mas admito que vejo essa como uma das crueis dúvidas inerentes ao viver. Privilegiados aqueles que nunca se pegaram temendo os efeitos da condição de idoso. Eu mesma já não participo mais dessa elite.

Nunca tinha atentado para a questão até assumir a opção por não ter filhos. O pensamento, entretanto, não surgiu sozinho. Provocado que foi, ele apareceu em bocas alheias. E em tantas e tantas situações volta como pergunta - ou melhor, muitas vezes como afirmação travestida de pergunta.

Salvo pequenas variações, ele costuma se manifestar assim: "Você não tem medo de ficar sozinha quando ficar velha?"

Talvez a (pa)maternidade possa representar uma alento, quase um antídoto para a solidão que a velhice é capaz de potencializar. Mas não é garantia. Fato: nem todos os filhos são dedicados como os pais. Fato: os caminhos tortuosos da vida por vezes não permitem que os filhos sejam dedicados como gostariam de ser. Fato: nem todos os filhos vivem mais do que seus pais. Fato derradeiro: eu não conseguiria assumir o papel de mãe esperando uma contrapartida de um filho meu.

Digo sem ressalvas que o amor incondicional, o único que preenche completamente este conceito, é o amor que se tem pelos filhos. Todas as outras modalidades de amor são escolhas. Isso aprendi nas palavras da mãe de um amigo - se não falei aqui ainda dessa lição, ao menos já a repeti bastante entre quem me conhece (mais informações a respeito podem ser obtidas no próximo café ou no próximo drink).

Pra mim, o amor em sua plenitude é o doar-se sem nada esperar. Sendo assim, na totalidade de seu sentido, amor é o sentimento que só os filhos são capazes de despertar. As damais variações são condicionais. Porque de um par invariavelmente espera-se algo, a começar pela fidelidade. De um irmão, respeito, por exemplo. E no caso do amor que se sente pelos pais, o sentimento existe pela responsabilidade assumida por eles durante nossa criação (a contrapartida que poderíamos ansiar já foi dada em algum momento).

Respondendo à questão mais acima: Sim, eu temo que a velhice traga a solidão a tiracolo. (Escrevi e falei alto, pra admitir pra mim mesma inclusive.) No entanto, o ponto é: eu também teria medo se escolhesse ser mãe. Porque amaria sem nada esperar. Eu disse "nada".