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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Poema Enjoadinho

Você sabe, não é segredo: a maternidade não é para mim. Mas pode ser para você. Se você está certa(o) de que sua felicidade depende da presença de um filho em sua vida, siga em frente! Tem certeza de que, tendo um filho para chamar de seu, você não poupará dedicação a ele nem estará apenas seguindo uma convenção social? Tem certeza? Se sim, conte com todo o meu apoio!

Muita coisa nesse mundo me encanta. O desejo seguro e refletido por um filho faz parte dessa lista. Por isso, dedico o poema abaixo à autora de http://vitrolanacaixola.wordpress.com/, que hoje me fez encantar.

Poema Enjoadinho, de Vinícius de Moraes

Filhos...  Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?  Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Nariz torto, caretas e reprimendas

Responda rápido: Por que as pessoas não lidam bem com o posicionamento claro de quem não quer prole? Por que uma declaração taxativa em relação ao assunto, mais do que curiosidade, provoca incômodo? De que maneira exatamente uma decisão como tal poderia afetar outras pessoas, que não simplesmente a pessoa que a adota, seu par afetivo e, no máximo, os familiares de ambos?

Perante a reação de certos interlocutores, às vezes até recorro a um miniflashback pra me certificar de que afirmei o que pensei que afirmei. Quer dizer, consulto a memória super-recente para ter certeza de que o tópico abordado eram filhos e minha opção de não tê-los. Por alguns instantes, hesito. Fico sem saber se o tema era esse mesmo ou se, em meio a uma pauta qualquer, tomada por um surto declarei simpatia ao regime nazista, adesão à necrofilia ou se maldisse a reputação da mãe do cidadão estarrecido que se coloca diante de mim.

Atender às questões de quem quer entender o que (what a hell!) me faz assumir o lugar de ponto fora da curva não é problema. Gosto de repetir: Perguntar não ofende.

Ofende: responder com nariz torcido a quem manifesta vontade que diverge do desejo da maioria em um assunto que, diga-se, é tão individual. E pior: sem nem tentar conhecer o outro lado da moeda. (Obs.: Para conhecer, não basta fazer brotar ou incendiar uma discussão. É preciso ter a predisposição de ouvir a outra parte.) Ah, ofende! E como! E ofende mais ainda não respeitar, ao menos, a franqueza dos que assumem em público a condição permanente de adultos-casados-sem-filhos.

Você pode estar pensando: Se o assunto é individual, por que expor? E eu lhe devolvo: Por que esconder? Que prejuízo a livre expressão pode causar a quem é mero espectador? De que forma tornar matérias como essa naturais sem trazê-las à luz?

Que benção seria ter esses mesmos sujeitos que insistem em fazer cara feia para o tema tentando me convencer de outras coisas, que não ter filhos. Por favor, caprichem na careta quando eu faltar com o respeito com as pessoas que me são queridas, recusar uma oportunidade de crescer profissionalmente, ignorar a beleza da lua cheia num céu coberto de estrelas em uma noite de verão, etc... Não tenho dúvidas de que suas reprimendas serão de maior utilidade nessas horas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O caminho de Vania

É dos meus 17 anos minha primeira lembrança de uma conversa sobre um casamento sem filhos. Na época eu ainda supunha que aos 18 estaria fora de casa, aos 25, casada, e antes dos 30, com pelo menos um rebentozinho.

Naqueles idos tempos, a vida sem filhos ainda não me parecia uma possibilidade - a não ser na casa dos outros. Quer dizer, mais ou menos. Mesmo na vida dos outros ela soava como anormal. Pensando bem, essa opção estava muito longe de fazer parte de meu repertório.

Imatura de tudo, a única conclusão a que consegui chegar quando conheci a história de uma colega de trabalho (primeiro estágio!) casada havia muito, mas sem filhos, foi que algum problema ela devia ter. Ah, tinha! Se não era ela, era o marido. E ponto final.

De união, a colega já acumulava quase tantos anos quanto eu somava de idade. Como eu ficava curiosa em relação àquela história, tão destoante do que eu conhecia de mundo! Perceba quanto eu ainda engatinhava. E quanto Vania (esse era o nome dela, se não me engano) era paciente quando confrontada pela minha curiosidade.

"Vania, por que você não tem um filho?". "Ô, Vania. Me conta. Mas faz quanto tempo que você é casada?". "E o seu marido?". "Vania... Vaaaaania... Vania! Quê? Vou te deixar trabalhar sim. Mas me fala só mais uma coisinha..."

Hoje o caminho de Vania é tão cheio de sentido pra mim... Tão natural, plausível. Entende? Se você já passou dos 20 e poucos, já é hora de entender. Pelo menos, aceitar que pode ser feliz e ter vida plena o indivíduo sem intenção de aumentar os índices populacionais.

Relutante ainda? Talvez outras histórias como a de Vania possam lhe fazer repensar. Pelo menos outras três você encontra na seguinte matéria, do Estadão. Enjoy it!

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,as-sem-filhos,578511,0.htm

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O papel dos filhos como boias

Até eu, que não quero filhos, admito que a opção de tê-los é uma escolha maravilhosa para a vida de muitas pessoas. Reconheço o poder das crianças de iluminar uma casa e posso imaginar o orgulho de um pai ao assistir às grandes conquistas de um filho já crescido, entre outros deleites.

O que não consigo aceitar é a tentativa desesperada de remediar determinadas situações com filhos. Falo em situações, no plural, porque me ocorre facilmente mais de um cenário. Porém, daqueles que me vêm à mente, de longe o mais crítico é o casamento em crise.

A propósito, veja só a história que hoje me inspirou a abrir as intervenções de 2011 deste blog.

Jovem casal, de uma jovem relação (coisa de sete anos entre namoro e casamento), se depara com a falta (recorrente) de vontade dela em fazer sexo. Estado atual da esposa: desespero. Do marido: fúria. O que tem gerado a insatisfação dela na cama? Isso já não sei. Se a moça deseja outra(s) pessoa(s)? Também fico devendo a informação.

Na verdade, todo o meu possível interesse em mais detalhes deixou de aflorar quando soube da brilhante alternativa considerada para resolver o problema. Eureka! A solução cogitada por eles é um filho!

Se você um dia se encontrar em situação semelhante, por favor não comprometa (ainda mais) a felicidade de pelo menos três pessoas de maneira tão leviana. Diante das tantas responsabilidades que somos obrigados a assumir ao longo de toda uma vida, por que transferir um desafio dessa envergadura, de salvar um casamento, a quem ainda nem nasceu?

Ainda não elegi o melhor adjetivo para classificar essa escolha, de engravidar para ter um filho que sirva como boia para o relacionamento que naufraga. No momento, estou dividida entre "escolha cretina" e "escolha covarde". Você, leitor, me ajuda a decidir. Ou, por favor, me ajude a entender.