Postagens populares

sábado, 16 de julho de 2011

Pais e filhos adotivos

Nunca antes na história deste país... A mídia colecionou tantos casos de mães perturbadas que abandonam seus filhos por aí, em lagoas, em meio ao lixo ou em bueiros. Felizmente, uma hora aqui, outra ali, a cobertura jornalística esclarece que a opção de entregar um filho para a adoção não é crime. Desta vez, adotar é a prática que vem a calhar como assunto neste blog.

me declarei fã em mais de uma oportunidade de quem assume o papel de pai/mãe em toda a sua plenitude, respeitando todos os pormenores que ele impõe. Dentro desse grupo de pessoas, há ainda uma parcela de seres mais especiais e que, por seu espírito elevado, merecem todo o meu louvor: os pais de filhos adotivos.

Se o caminho da paternidade, por si, já é bem sinuoso, que dirá quando as crianças são adotadas. Não que a criação desses filhos tenha que ser diferente. E não que os filhos de sangue sejam mais dignos do que os que são de coração. Mas a inteligência curta do povo faz parecer que as coisas têm que ser de outro jeito.

A começar pelos rótulos. Quem se pretende igualitário, especialmente quando tem filhos adotivos e biológicos sob um mesmo teto, deve apresentar identificando: "Este é meu filho adotivo"? Qual é a necessidade: prestar contas? Mas para quem? Que pessoas são estas que merecem prestação de contas sobre os detalhes de nossas vidas?

Nem pecado nem tabu

Adotar não é pecado. Pelo contrário: é uma das atitudes mais nobres ao alcance do ser humano. E não pode ser tabu (aposto muito na eficácia do diálogo aberto para a saúde das relações, principalmente na família). Por outro lado, a identificação "adotado" não é informação relevante para a maioria dos contextos. Com exceção de alguns poucos (exemplos: quando a criança começa a se perguntar de onde veio ou quando um tratamento médico pode ser favorecido pelos laços genéticos), a biologia não precisa de ênfase.

Por falar em coisas desnecessárias... A cultura de que o adotivo é um filho que não dá certo é um dos absurdos do qual o senso coletivo ainda não conseguiu se libertar. Pra mim, essa teoria é tão plausível quanto o nazismo (é com esta ideologia a primeira associação psicológica que me ocorre, de bate-e-pronto).

Embora não seja aceitável, ela é compreensível. Os seres humanos buscam conforto - emocional, inclusive. Logo, não dá pra negar que ficar no raso de uma explicação como essa, de que o "ser adotado" é o motivo pelo qual alguns filhos não dão certo, é muito menos desconfortável, dolorido, do que ir fundo em uma análise que possa abrir feridas familiares maiores. A propósito, não quer calar: Por que, afinal de contas, o sangue azul dos filhos biológicos não garante um caminho sem percalços na trajetória de 100% deles?

Se você não se sente seguro em adotar ou o tema não deixa seu parceiro(a) à vontade (esse foi o meu caso, quando ter filhos parecia uma possibilidade mais real), não force a situação. A contribuição que o mundo espera de você pode ser outra: a de ajudar a derrubar os mitos em torno da adoção, alimentados por uma sociedade que ainda mostra inteligência curta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário