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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Nariz torto, caretas e reprimendas

Responda rápido: Por que as pessoas não lidam bem com o posicionamento claro de quem não quer prole? Por que uma declaração taxativa em relação ao assunto, mais do que curiosidade, provoca incômodo? De que maneira exatamente uma decisão como tal poderia afetar outras pessoas, que não simplesmente a pessoa que a adota, seu par afetivo e, no máximo, os familiares de ambos?

Perante a reação de certos interlocutores, às vezes até recorro a um miniflashback pra me certificar de que afirmei o que pensei que afirmei. Quer dizer, consulto a memória super-recente para ter certeza de que o tópico abordado eram filhos e minha opção de não tê-los. Por alguns instantes, hesito. Fico sem saber se o tema era esse mesmo ou se, em meio a uma pauta qualquer, tomada por um surto declarei simpatia ao regime nazista, adesão à necrofilia ou se maldisse a reputação da mãe do cidadão estarrecido que se coloca diante de mim.

Atender às questões de quem quer entender o que (what a hell!) me faz assumir o lugar de ponto fora da curva não é problema. Gosto de repetir: Perguntar não ofende.

Ofende: responder com nariz torcido a quem manifesta vontade que diverge do desejo da maioria em um assunto que, diga-se, é tão individual. E pior: sem nem tentar conhecer o outro lado da moeda. (Obs.: Para conhecer, não basta fazer brotar ou incendiar uma discussão. É preciso ter a predisposição de ouvir a outra parte.) Ah, ofende! E como! E ofende mais ainda não respeitar, ao menos, a franqueza dos que assumem em público a condição permanente de adultos-casados-sem-filhos.

Você pode estar pensando: Se o assunto é individual, por que expor? E eu lhe devolvo: Por que esconder? Que prejuízo a livre expressão pode causar a quem é mero espectador? De que forma tornar matérias como essa naturais sem trazê-las à luz?

Que benção seria ter esses mesmos sujeitos que insistem em fazer cara feia para o tema tentando me convencer de outras coisas, que não ter filhos. Por favor, caprichem na careta quando eu faltar com o respeito com as pessoas que me são queridas, recusar uma oportunidade de crescer profissionalmente, ignorar a beleza da lua cheia num céu coberto de estrelas em uma noite de verão, etc... Não tenho dúvidas de que suas reprimendas serão de maior utilidade nessas horas.

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