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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O caminho de Vania

É dos meus 17 anos minha primeira lembrança de uma conversa sobre um casamento sem filhos. Na época eu ainda supunha que aos 18 estaria fora de casa, aos 25, casada, e antes dos 30, com pelo menos um rebentozinho.

Naqueles idos tempos, a vida sem filhos ainda não me parecia uma possibilidade - a não ser na casa dos outros. Quer dizer, mais ou menos. Mesmo na vida dos outros ela soava como anormal. Pensando bem, essa opção estava muito longe de fazer parte de meu repertório.

Imatura de tudo, a única conclusão a que consegui chegar quando conheci a história de uma colega de trabalho (primeiro estágio!) casada havia muito, mas sem filhos, foi que algum problema ela devia ter. Ah, tinha! Se não era ela, era o marido. E ponto final.

De união, a colega já acumulava quase tantos anos quanto eu somava de idade. Como eu ficava curiosa em relação àquela história, tão destoante do que eu conhecia de mundo! Perceba quanto eu ainda engatinhava. E quanto Vania (esse era o nome dela, se não me engano) era paciente quando confrontada pela minha curiosidade.

"Vania, por que você não tem um filho?". "Ô, Vania. Me conta. Mas faz quanto tempo que você é casada?". "E o seu marido?". "Vania... Vaaaaania... Vania! Quê? Vou te deixar trabalhar sim. Mas me fala só mais uma coisinha..."

Hoje o caminho de Vania é tão cheio de sentido pra mim... Tão natural, plausível. Entende? Se você já passou dos 20 e poucos, já é hora de entender. Pelo menos, aceitar que pode ser feliz e ter vida plena o indivíduo sem intenção de aumentar os índices populacionais.

Relutante ainda? Talvez outras histórias como a de Vania possam lhe fazer repensar. Pelo menos outras três você encontra na seguinte matéria, do Estadão. Enjoy it!

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,as-sem-filhos,578511,0.htm

Um comentário:

  1. Acho que como tantos outros "preconceitos", este também está caindo por terra. Hoje vemos como era ridículo imaginar que para ser feliz a gente tinha que seguir as regras. O problema é que, neste caso específico, a regra inclui uma outra pessoa, que inocentemente chega ao mundo em uma familia que não tinha certeza se queria essa responsabilidde. E aí criamos os traumas nos adultos de hoje que possivelmente foram crianças rejeitadas, mesmo que inconscientemente.
    Profundo, Taty, profundo.
    Mas que bom que as coisas mudam e que os paradigmas se quebram.
    A Vania era uma mulher de coragem certamente.

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